O primeiro título nacional do Palestra faz 55 anos; Salve, a Academia!
Embora os clubistas se recusem a aceitar, os números não mentem: o Palmeiras é o maior campeão nacional do país, se contabilizarmos as oito conquistas no Brasileirão e mais três da Copa do Brasil. E neste 28 de dezembro, o Palestra celebra 55 anos do primeiro destes títulos, a Taça Brasil de 1960, e mais do que isso, a conquista marca a virada de uma revolução no modo de jogar futebol, quando a base do Verdão do Supercampeonato de 1959 abria a era da primeira Academia de Futebol, ensinando a jogar um futebol-arte sob a única geração capaz de bater de frente com o Santos de Pelé, aos comandos de Julinho Botelho, Chinesinho e cia.
Como muitos também não aceitam, o Palmeiras se tornou campeão brasileiro com poucos jogos. Foram apenas quatro partidas, mas nada que faça desmerecer o campeão paulista do ano anterior, com plena capacidade de ser campeão caso na época fosse um torneio de pontos corridos. Afinal, o time alviverde mandava bem em dois dos três campeonatos regionais mais fortes do país (Paulistão, Cariocão e Rio-São Paulo) e, na semifinal da Taça Brasil, havia eliminado o Fluminense de Waldo e Telê Santana, nada menos time campeão carioca (no último ano do Rio como capital federal) e do Rio-São Paulo 1960.
Impossível não falar desse título sem tocar no nome de Julinho Botelho. Em 1959, Julinho voltava da Fiorentina ao Brasil, à convite do lendário treinador Oswaldo Brandão, recusando vários convites para assumir a camisa sete do Palmeiras e marcar história no Verdão. Quando vinha em arrancada, exibindo toda sua velocidade pela ponta-direita, Julinho era imparável! A jogada continuava em uma finta inusitada ou uma forte batida, ambos com objetivo de partir para o gol, terminando volta e meia com uma bela bola na rede.
Além de Julinho, temos que citar o herói da conquista, o atacante Humberto Tozzi. Humberto era ponta de lança, posição que na época valia meio que como um primeiro atacante, o homem do passe, mas ele chegava e, com tantos gols, é historicamente confundido como centroavante. O craque alviverde é o sétimo maior goleador da história do Palmeiras, com 126 gols, sendo um deles no penúltimo minuto da semi contra o Flu, em pleno jogo de volta no Maracanã. Depois de um 0 a 0 no Pacaembu, e um segundo jogo com boas chances perdidas pelo time carioca, Julinho Botelho aproveitava uma sobra pela intermediária para acionar Chinesinho, na entrada da área. Rapidamente, o meia deslocou três defensores, abrindo para Humberto na direita, que enfiou uma pancada por debaixo de Castilho, goleiro tricolor que não conseguiu se adiantar a tempo. Era o gol da classificação, e Humberto ainda iria marcar uma vez na ida e na volta da decisão.
Na final, o Palmeiras fez jus à vaga obtida com esforço e não tomou conhecimento do campeão cearense. Em Fortaleza, no velho caldeirão do PV, a vitória veio já na primeira parte da etapa inicial, com dois gols de Romeiro, aos 8' e aos 17', e um de Humberto, aos 19', deixando para o Tricolor de Aço descontar só no 2° Tempo, em 3 a 1. Já na volta, o Fortaleza veio para o tudo ou nada. Antes dos 10', o placar já se encontrava em 1 a 1, mas com campo aberto, o Palmeiras chegava logo ao quarto gol na metade do 1° Tempo, encerrando depois os 90 minutos com um chocolate de 8 a 2, a maior goleada da história em um jogo de título brasileiro, neste belo capítulo da Academia, resumido com os dados abaixo:
TIME-BASE (4-2-4): Valdir de Moraes; Djalma Santos, Valdemar Carabina, Aldemar e Jorge; Zequinha e Chinesinho (Ênio Andrade); Julinho Botelho (Ari), Humberto Tozzi (Válter Prado), Romeiro (Nardo) e Osvaldo Cruz. Técnico: Oswaldo Brandão.
FOTO DO TÍTULO:
Djalma Santos, Valdir, Valdemar Carabina, Aldemar, Zequinha e Jorge; Julinho Botelho, Humberto Tozzi, Romeiro, Chinesinho e Osvaldo Cruz.
VÍDEOS DO TÍTULO
Compacto da semifinal no Maracanã, com comentários de Valdir de Moraes e Telê Santana
FICHA TÉCNICA DE PALMEIRAS 8 × 2 FORTALEZA:
Data: 28 de dezembro de 1960
Local: Estádio do Pacaembu, São Paulo (SP)
Público e Renda: 40.000 pessoas, Cr$ 2.900.650,00.
Árbitro: Ricardo Bonadies (CE)
Gols: Charuto/FORT 6' do 1T, Zequinha/PALM 8’ do 1T, Chinesinho/PALM 10’ do 1T, Romeiro/PAL 12’ do 1T, Julinho Botelho/PAL 21’ do 1T, Charuto/FORT 44’ do 1T, Cruz/PAL 8’ do 2ºT, Cruz/PAL 11’ do 2T, Chinesinho/PAL 24’ do 2T e Humberto/PAL 32’ do 2T.
PALMEIRAS: Valdir; Djalma Santos, Valdemar Carabina, Aldemar e Jorge; Zequinha e Chinesinho; Julinho Botelho, Romeiro, Humberto e Cruz. Técnico: Oswaldo Brandão.
FORTALEZA: Pedrinho; Mesquita e Sanatiel; Toinho, Sapenha e Ninoso; Benedito, Walter Vieira, Moésio, Charuto e Bececê. Técnico: França.
ARTILHEIROS DO PALMEIRAS:
Humberto Tozzi (3 gols) e Romeiro (3 gols);
Chinesinho e Cruz (2 gols);
Julinho Botelho e Zequinha (1 gol).
CAMPANHA JOGO A JOGO:
7 pontos ganhos;
4 jogos (4 em mata-mata);
3 vitórias (1 em casa e 2 fora) e 1 empate;
12 gols pró e 3 gols contra;
87,5% de aproveitamento.
DECISÃO:
V PALMEIRAS 8 × 2 Fortaleza (CE), Pacaembu, Final 2° jogo (Zequinha, Chinesinho 2×, Romeiro, Julinho Botelho, Cruz 2× e Humberto Tozzi)
V Fortaleza (CE) 1 × 1 PALMEIRAS, Presidente Vargas, Final 1° jogo (Romeiro 2×, Humberto Tozzi)
SEMIFINAL:
V Fluminense 0 × 1 PALMEIRAS, Maracanã, Semifinal 2° jogo (Humberto Tozzi)
V PALMEIRAS 0 × 0 Fluminense, Pacaembu, Semifinal 1° jogo
Embora os clubistas se recusem a aceitar, os números não mentem: o Palmeiras é o maior campeão nacional do país, se contabilizarmos as oito conquistas no Brasileirão e mais três da Copa do Brasil. E neste 28 de dezembro, o Palestra celebra 55 anos do primeiro destes títulos, a Taça Brasil de 1960, e mais do que isso, a conquista marca a virada de uma revolução no modo de jogar futebol, quando a base do Verdão do Supercampeonato de 1959 abria a era da primeira Academia de Futebol, ensinando a jogar um futebol-arte sob a única geração capaz de bater de frente com o Santos de Pelé, aos comandos de Julinho Botelho, Chinesinho e cia.
Como muitos também não aceitam, o Palmeiras se tornou campeão brasileiro com poucos jogos. Foram apenas quatro partidas, mas nada que faça desmerecer o campeão paulista do ano anterior, com plena capacidade de ser campeão caso na época fosse um torneio de pontos corridos. Afinal, o time alviverde mandava bem em dois dos três campeonatos regionais mais fortes do país (Paulistão, Cariocão e Rio-São Paulo) e, na semifinal da Taça Brasil, havia eliminado o Fluminense de Waldo e Telê Santana, nada menos time campeão carioca (no último ano do Rio como capital federal) e do Rio-São Paulo 1960.
Impossível não falar desse título sem tocar no nome de Julinho Botelho. Em 1959, Julinho voltava da Fiorentina ao Brasil, à convite do lendário treinador Oswaldo Brandão, recusando vários convites para assumir a camisa sete do Palmeiras e marcar história no Verdão. Quando vinha em arrancada, exibindo toda sua velocidade pela ponta-direita, Julinho era imparável! A jogada continuava em uma finta inusitada ou uma forte batida, ambos com objetivo de partir para o gol, terminando volta e meia com uma bela bola na rede.
Além de Julinho, temos que citar o herói da conquista, o atacante Humberto Tozzi. Humberto era ponta de lança, posição que na época valia meio que como um primeiro atacante, o homem do passe, mas ele chegava e, com tantos gols, é historicamente confundido como centroavante. O craque alviverde é o sétimo maior goleador da história do Palmeiras, com 126 gols, sendo um deles no penúltimo minuto da semi contra o Flu, em pleno jogo de volta no Maracanã. Depois de um 0 a 0 no Pacaembu, e um segundo jogo com boas chances perdidas pelo time carioca, Julinho Botelho aproveitava uma sobra pela intermediária para acionar Chinesinho, na entrada da área. Rapidamente, o meia deslocou três defensores, abrindo para Humberto na direita, que enfiou uma pancada por debaixo de Castilho, goleiro tricolor que não conseguiu se adiantar a tempo. Era o gol da classificação, e Humberto ainda iria marcar uma vez na ida e na volta da decisão.
Na final, o Palmeiras fez jus à vaga obtida com esforço e não tomou conhecimento do campeão cearense. Em Fortaleza, no velho caldeirão do PV, a vitória veio já na primeira parte da etapa inicial, com dois gols de Romeiro, aos 8' e aos 17', e um de Humberto, aos 19', deixando para o Tricolor de Aço descontar só no 2° Tempo, em 3 a 1. Já na volta, o Fortaleza veio para o tudo ou nada. Antes dos 10', o placar já se encontrava em 1 a 1, mas com campo aberto, o Palmeiras chegava logo ao quarto gol na metade do 1° Tempo, encerrando depois os 90 minutos com um chocolate de 8 a 2, a maior goleada da história em um jogo de título brasileiro, neste belo capítulo da Academia, resumido com os dados abaixo:
TIME-BASE (4-2-4): Valdir de Moraes; Djalma Santos, Valdemar Carabina, Aldemar e Jorge; Zequinha e Chinesinho (Ênio Andrade); Julinho Botelho (Ari), Humberto Tozzi (Válter Prado), Romeiro (Nardo) e Osvaldo Cruz. Técnico: Oswaldo Brandão.
FOTO DO TÍTULO:
Djalma Santos, Valdir, Valdemar Carabina, Aldemar, Zequinha e Jorge; Julinho Botelho, Humberto Tozzi, Romeiro, Chinesinho e Osvaldo Cruz.
VÍDEOS DO TÍTULO
Compacto da semifinal no Maracanã, com comentários de Valdir de Moraes e Telê Santana
FICHA TÉCNICA DE PALMEIRAS 8 × 2 FORTALEZA:
Data: 28 de dezembro de 1960
Local: Estádio do Pacaembu, São Paulo (SP)
Público e Renda: 40.000 pessoas, Cr$ 2.900.650,00.
Árbitro: Ricardo Bonadies (CE)
Gols: Charuto/FORT 6' do 1T, Zequinha/PALM 8’ do 1T, Chinesinho/PALM 10’ do 1T, Romeiro/PAL 12’ do 1T, Julinho Botelho/PAL 21’ do 1T, Charuto/FORT 44’ do 1T, Cruz/PAL 8’ do 2ºT, Cruz/PAL 11’ do 2T, Chinesinho/PAL 24’ do 2T e Humberto/PAL 32’ do 2T.
PALMEIRAS: Valdir; Djalma Santos, Valdemar Carabina, Aldemar e Jorge; Zequinha e Chinesinho; Julinho Botelho, Romeiro, Humberto e Cruz. Técnico: Oswaldo Brandão.
FORTALEZA: Pedrinho; Mesquita e Sanatiel; Toinho, Sapenha e Ninoso; Benedito, Walter Vieira, Moésio, Charuto e Bececê. Técnico: França.
ARTILHEIROS DO PALMEIRAS:
Humberto Tozzi (3 gols) e Romeiro (3 gols);
Chinesinho e Cruz (2 gols);
Julinho Botelho e Zequinha (1 gol).
CAMPANHA JOGO A JOGO:
7 pontos ganhos;
4 jogos (4 em mata-mata);
3 vitórias (1 em casa e 2 fora) e 1 empate;
12 gols pró e 3 gols contra;
87,5% de aproveitamento.
DECISÃO:
V PALMEIRAS 8 × 2 Fortaleza (CE), Pacaembu, Final 2° jogo (Zequinha, Chinesinho 2×, Romeiro, Julinho Botelho, Cruz 2× e Humberto Tozzi)
V Fortaleza (CE) 1 × 1 PALMEIRAS, Presidente Vargas, Final 1° jogo (Romeiro 2×, Humberto Tozzi)
SEMIFINAL:
V Fluminense 0 × 1 PALMEIRAS, Maracanã, Semifinal 2° jogo (Humberto Tozzi)
V PALMEIRAS 0 × 0 Fluminense, Pacaembu, Semifinal 1° jogo